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Várzea Grande,05/09/2025

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Família espera há 23 anos por justiça no assassinato de Rivelino Brunini

Viúva e filhos ainda convivem com a dor e a impunidade em um caso que envolve o ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, apontado como mandante

Redação
Família espera há 23 anos por justiça no assassinato de Rivelino Brunini Acervo família

Há 23 anos, a vida de uma tradicional família cuiabana foi virada do avesso por um crime brutal. O radialista Rivelino Brunini, de apenas 32 anos, foi executado com sete tiros em plena luz do dia. Ao lado dele, o amigo Fauze Rachid também foi atingido e morreu.


O episódio marcou não apenas a trajetória da família Brunini, mas também a memória coletiva de Cuiabá e de Mato Grosso, revelando a força do crime organizado e a fragilidade da Justiça em dar uma resposta definitiva. Até hoje, a luta por justiça ecoa como uma ferida aberta.

A dor da viúva


Jornalista: Dona Ângela, como a senhora ficou depois daquele dia?


Ângela: "Fiquei viúva… e com dois filhos órfãos. Um tinha apenas 6 anos, o outro 11. Nossa família foi dilacerada. Minha cunhada, que teve coragem de depor, precisou deixar o país e até hoje vive fora, por medo de represálias. Outros parentes mudaram de cidade, de estado, tentando recomeçar a vida longe do terror. Afinal, estávamos falando do Arcanjo! Na época, ele era considerado o homem mais temido do estado, estampado nos jornais como ‘o chefão do crime em Mato Grosso’."


O relato de Ângela evidencia a atmosfera de medo que imperava em Mato Grosso no início dos anos 2000, período em que João Arcanjo Ribeiro, então conhecido como “Comendador”, era visto como um dos homens mais poderosos do estado.


A voz do filho mais novo


Jornalista: Mychael, você era o filho mais novo na tragédia. Como você se sente hoje?


Mychael: "Sabe o que eu diria ao Arcanjo? Eu não desejo o mal dele. Eu o perdoo. Conheci o amor de Cristo e aprendi o valor do perdão. Perdoei os assassinos do meu pai! Mas confesso: dói. Hoje, como pai de duas meninas pequenas que precisam de cuidados especiais, eu entendo ainda mais o quanto fez falta a presença do meu pai na minha vida. A parte jurídica eu não entendo, sou leigo. Só queria que essa página fosse virada de forma justa. São 23 anos vivendo esse trauma e, a cada recurso, a cada anulação, parece que estamos sendo injustiçados de novo."


Com a voz embargada, Mychael reforça o que milhares de famílias brasileiras sentem diante da morosidade da Justiça: o peso da ausência e a frustração da impunidade.

Um processo cheio de idas e vindas


Jornalista: Doutor, o senhor acompanhou o processo desde o início. O que aconteceu nesses 23 anos?


Advogado criminalista (amigo da família, que prefere não ser identificado):

"O julgamento só aconteceu 13 anos depois do crime. Em 2015, um júri popular sólido, repleto de provas e testemunhos, condenou o ex-comendador João Arcanjo Ribeiro a 44 anos de prisão pela morte de Rivelino Brunini. Segundo registrou o Diário de Cuiabá, em 2003 o ex-PM Hércules Agostinho confessou ter matado Sávio Brandão e Rivelino a mando de Arcanjo, detalhando valores, intermediários e toda a trama criminosa. Depois, em 2009, mudou sua versão, mas mesmo assim acabou condenado em 2012 a 45 anos de prisão pelo homicídio."


O advogado explica que, mesmo com provas robustas, o processo se arrasta entre instâncias. Em 2019, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso chegou a anular o júri, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reverteu a decisão e restabeleceu a condenação. Na sequência, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, de forma unânime, a decisão, com votos firmes de ministros como Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Nunes Marques e Edson Fachin.


No entanto, em 2024, a 2ª Câmara Criminal do TJ voltou a anular o julgamento, pela segunda vez, reabrindo espaço para um novo júri.


"Essa decisão, no mínimo esdrúxula, soa como afronta ao STJ e ao próprio STF, que já haviam se manifestado claramente sobre o caso. O que se vê é a Justiça caminhando em círculos, enquanto a família continua presa a esse trauma há mais de duas décadas."

Justiça tardia é justiça negada


O caso Rivelino Brunini expõe não apenas a brutalidade de um crime encomendado, mas também a incapacidade do sistema de Justiça brasileiro em oferecer segurança jurídica às vítimas.


Cada recurso, cada anulação e cada reviravolta processual prolonga o sofrimento da família, que permanece em luto permanente. Para eles, não se trata apenas de condenar culpados, mas de garantir que a verdade reconhecida pela Justiça não seja apagada pela burocracia.


Um pedido de paz


Na voz de Ângela, Mychael e tantos outros familiares, o clamor é o mesmo: respeito, memória e justiça.


"Eu sei que o Brasil tem homens e mulheres de bem dentro da Justiça. A eles, eu peço: façam valer a lei, para que finalmente po

ssamos descansar em paz…" — conclui Mychael, em lágrimas.

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